quinta-feira, 17 de abril de 2008

A respeito de algemas...

Todos os braços algemados são tolhidos do abraço.



Todas as mãos dos braços algemados estão impedidas de passear pelo perfil do outro.



Todo tronco que sustenta braços algemados em cujos ápice estão as mãos algemadas está impossibilitado de dançar.



Toda cabeça que encima um tronco que sustenta braços de cujos punhos saem mãos algemadas só consegue equacionar o mundo na perspectiva estúpida de uma galinha prestes a virar almoço de domingo.



Todos os olhos de quem tem a cabeça que encima o tronco que sustenta baços cujos punhos terminam em mãos algemadas acabam ficando cegos para a beleza.



Toda algema transforma o amor em um pássaro a parir cinzas.



Todas as algemas sociais são mais ridículas que as de ferro. No entanto, o algemado só existe porque tem aqueles que martelam, moldam, soldam o ferro para construir as algemas sociais .



São insetos rodando em torno da luz escassa da pequenez de um quarto cheirando a mofo.

Se Deus quis homens que constroem algemas sociais, que seja apenas deus. E que seja algemado, para nunca mais criar nada.

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