Quando levantaram a tampa do bueiro, os pais da pátria explodiram como pus, gangrena inesperada.
Quando levantaram a tampa do bueiro, percebeu-se que debaixo dela havia retalhos de uma pátria que era a minha, a sua, a nossa, mapeada, vendida, maltratada.
Quando levantaram a tampa do bueiro, soube-se das mãos assassinas que, em nome do poder pelo poder, derrubaram tetos sonhados, esvaziaram pratos prometidos, escureceram luzes pré-festejadas.
Quando levantaram a tampa do bueiro, estarrecida, a ética se dissolveu como cera quente, escorrendo entre as coxas abertas dos vendilhões, que ampliaram para o país a escrotidão dos bordéis em que nasceram.
Quando levantaram a tampa do bueiro, notou-se, no entanto e surpreendentemente, que a merda cagada pelo povo da nação era melhor do que a soma do cérebro, do coração e da alma dos mandantes todos.
E o povo teve certeza de que seus cus valiam mais que a cabeça, as mãos e a as almas dos escrotos mandantes da pátria.
O Diabo sorriu e, mais uma vez, desafiou o Criador.
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