Era linda. E sabia. E era arrogante.
Todos os homens da cidade pequena arrastavam-se a seus pés, como na música do Roberto Carlos, aquela.
Escolhia sempre as colegas mais feinhas pra anunciar:
- Estou nas nuvens! Amando demais...
E desfilava namorados pra cima e pra baixo, pra baixo e pra cima, sempre repetindo:
- Estou nas nuvens! Amando demais....
Numa tarde de verão, o sol esquentou demais, a pequena cidade litorânea, atormentando a todos: lindas e feias, cegos e videntes, brancos e pretos, ocidentais e orientais, altos e baixos, gordos e magros, doentes e sãos....
Menos ela, que continuava repetindo:
- Estou nas nuvens, amando demais... Nem ligo pro calor... Estou nas nuvens....
À noite, o sufoco era geral. Até que despencou uma chuva muito, muito forte.
Como ela vivia nas nuvens, foi levada para o mar, junto com as nuvens que viraram chuva.
Não, não se transformou em sereia.
Voltou um dia em forma de onda e foi cortada ao meio pelo mais belo e melhor surfista da cidade, um de seus ex-namorados.
Morreu na praia, literalmente.
sábado, 9 de janeiro de 2010
Viver de metáforas?
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Um comentário:
A liberdade das sugestões fazem a gente soltar a imaginação, mas depois de ler o texto, nunca é do jeito que pensamos, geralmente é melhor! O texto é pequeno, mas a satisfação depois de lê-lo é grande, valeu professor!
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