Sabe onde é?
Pizzaria La Gloria, Avenida Macuco, 685, Moema.
Éramos quatro, sábado, quase onze da noite. Entramos. Casa linda, muitíssimo bem decorada, grande, arejada. Lotada.
A recepcionista nos indica: 45 minutos de espera.
— Mas nestas mesas aqui — apontou para as mesas do salão de entrada — é ficar de olho e, quando vagar, só pegar e sentar. Aí vocês podem beber enquanto aguardam a mesa pra jantar.
Beleza. Tudo dentro dos padrões. Espera aceita.
De repente, a iminência de vagar uma mesa no salão de espera. Uma amiga minha põe a mão na cadeira, para “garantir” a mesa, seguindo a orientação da hostess.
Ah, mas tinham chegado amigos do rei! Puxa, bem naquele momento? E eram descarados, como costumam ser os amigos do rei. O garçom do rei também era descarado: ele simplesmente puxou a cadeira da mão da minha amiga e fez um sinal bem descarado para 4 pessoas que tinham acabado de chegar e estavam bem distantes da mesa, e que, sem o menor pudor, mesmo tendo percebido claramente a situação, se aboletaram nas cadeiras que deveriam ser nossas.
A máscara da pizzaria La Gloria, cujo gerente prometia a um outro cliente, insatisfeito com a demora, que estava “seguindo rigorosamente a ordem de chegada”, caiu em 4 atos.
Ato 1: A recepcionista polida
Fui reclamar com a recepcionista, que pediu o número da senha que não nos foi entregue.
— Não tenho.
Ela metralhou:
— Não têm porque não pediram!
Ato 2. Não sou amigo do rei... mas posso falar com ele?
— Você pode chamar o dono, por favor? disse eu.
— É aquele ali, ó — apontou ela com o indicador — vai lá falar com ele.
Eu não “fui lá falar com ele”.
Ato 3. Gritos ou sussurros? Ah, berrar é melhor...
O gerente, percebendo meu tom nada gentil de voz, veio se inteirar do que acontecia.
Eu expliquei. Ele meneou a cabeça...
— Puxa, que desagradável!
— Puxa, que desagradável! E que providência o sr. pretende tomar?
Ato 4: O jeitinho
— Olha, o sr. se acalme que eu vou passar vocês na frente de toda a fila e num minuto estão sentados.
Ficou sem entender nada, o pobre homem, quando minha amiga disse que nós não éramos políticos, não nos vendíamos por qualquer tipo de privilégio e estávamos apenas reclamando do péssimo atendimento, do descaramento dos “amigos do rei”, do próprio rei e, sobretudo, da pretensão de uma casa que talvez julgue estar acima do bem e do mal simplesmente porque tem fila de espera de quase uma hora.
Isso acaba. E não acaba em pizza, esteja certo.
Eu nunca mais vou lá.
Quem quiser ir, seja conivente com o descaramento, a máscara, o culto ao privilégio.
Pra quem gosta, acabar em pizza pode ser um bom programa.
domingo, 2 de setembro de 2007
Uma metaforazinha do Brasil
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4 comentários:
Isso me irrita taaaaaaaaaanto!
Vamos divulgar o lugar! E façamos nossa parte, sempre.
eu quero dar tiro quando isso acontece.
Putz é a segunda vez só hoje que me falam dessa Pizza Glória e como você tem total credibilidade comigo, lá não ponho meu corpinho passeio, não mesmo!
Beijo.
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