Deu no Terra: hoje, em Salamanca - Espanha - um camarada cortou fora o pinto e o jogou dentro do vaso sanitário, também chamado de privada pelos menos polidos.
O que levaria um homem a jogar fora seu principal instrumento de prazer?
Ora, ora, ele próprio respondeu: "Não quero mais pecar".
Maldita culpa judaico-cristã.
Culpa, reminiscências...
Era assim na época em que se usava confessar.
A gente se ajoelhava no confessionário e, pelos furinhos da janela de tela, vislumbrava a sagrada figura do padre ali dentro, a nos ouvir. E nós nos confessávamos.Ao verbalizar, a culpa já se esvaia um pouco. Mas tinha a penitência: rezar cinco ave-marias; dois pai-nossos; cinqüenta escambaus.
Na semana seguinte, de novo... o mesmo pecado. Não, ninguém roubava, ninguém levantava falso testemunho, ninguém falava o nome DELE em vão. Todo mundo só queria saber de infringir o sexto mandamento. Uma falta total de originalidade pra pecar.
Só se pecava contra a castidade... E era um inferno, porque havia pecados por pensamentos (!), palavras e obras. Ou seja, se você pensasse numa trepada, era pecado por pensamento. Se falasse em trepar, pecava por palavras. Se trepasse ou se masturbasse, aí a penitência ia aumentar muito, porque você, seu cristãozinho de merda, tinha pecado por obraS (e era plural, sempre, mesmo que fosse uma só trepada, uma única masturbada... sempre aquele inferno de obraS, os ESSES pesando na cabeça, se enroscando nos pentelhos, iguaizinhos às cobras que o padre dizia infestarem o inferno, lugar para onde iam os que morriam em pecado. Especialmente os relacionados a sexo).Não havia saída...
E o peso das palavras. Aquele esfrega-esfrega no porão com a prima (às vezes com um primo) era chamado de "fazer porcaria!". Sim, sexo e porcaria eram sinônimos.Dá pra imaginar o estado da cabeça de um pré-adolescente querendo impedir pensamentos eróticos (que na época a gente chamava de "pensar bobagem")?Então a confissão tinha sempre o mesmo script:
- Padre, pensei em porcaria.
- Pensou ou falou também?
- Bom... falei também...
Nessa hora eu sentia nitidamente que a voz do padre se excitava para a próxima pergunta, pois o lazarento nunca estava satisfeito, tinha de escarafunchar o íntimo do íntimo do íntimo...
- Acho que você fez também! (Só faltava falar "seu safadinho", em tom mais
de convite que de repreensão).
- É... um pouquinho.
Como será fazer um pouquinho de sexo? Até medir a coisa era preciso, pra evitar as penitências enormes.
- Bom...
- Conta em detalhes..
O puto devia estar excitado, claro!
- Bom... foi assim...
Vinha o relato, a vergonha, a punição.
A hóstia era o prêmio do domingo. Branca, imaculada, redonda que nem um sol. Mas iluminava só uma tarde...
Já na segunda, de novo, aquela vontade bruta de "fazer porcaria".E o medo, a insegurança, a vergonha...
Até que um dia mandava-se o padre à puta que pariu, a Igreja à merda e caía-se alegremente na gandaia. E foda-se. Literalmente era o foder total, pleno, cheio de alegria.
Certamente o homem que cortou fora o pau não conseguiu esse grito de liberdade. Prefirou a navalha na carne.
Porra, mas logo na parte mais nobre da carne?
Fosse esperto, pelo menos teria filmado e colocado no "vocetuba" (youtube, para os gringos) para servir de antiexemplo.
Meu amigo, quando você for trepar hoje, contenha a ejaculação por um segundo, em homenagem ao pau decepado do pobre salamanquense.Depois, goze gostoso.
E relaxe, invertendo o conselho de uma outra autoridade... Opa, isso é outra história.
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
Pau pra quê?
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Um comentário:
Grande, Carlos. Adorei o seu blog!
Asmodeus que se cuide.
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