UM DIA VISTO DE FORA
Tem dias
em que nem pedras há
no meio do caminho.
São dias lisos,
despelados,
despetalados
como um resto de flor na haste,
um duro rubi sem engaste,
um traste num canto de muro.
São dias de alma branca –
não o branco da pureza,
mas o branco duro do papel não escrito,
que só serve para embrulhar.
Dias agudos,
que expulsam de si todos os ninhos.
Tem dias que,
não obstante serem convexos,
vazam
no calendário
covas
(não refúgios)
para onde
escoa
a vida.
quarta-feira, 27 de março de 2013
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