quarta-feira, 27 de março de 2013

UM DIA VISTO DE FORA

Tem dias 
em que nem pedras há 
no meio do caminho.

São dias lisos, 
despelados, 
despetalados 
como um resto de flor na haste,
um duro rubi sem engaste,
um traste num canto de muro.

São dias de alma branca –
não o branco da pureza,
mas o branco duro do papel não escrito,
que só serve para embrulhar.

Dias agudos,
que expulsam de si todos os ninhos.

Tem dias que,
não obstante serem convexos,
vazam
no calendário
covas
(não refúgios)
para onde
escoa
a vida.

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