quinta-feira, 27 de março de 2008

Sorvete de tapioca

Ontem teve sorvete de tapioca em Brasília.

Foi no Congresso.

Foi provocação.

Foi de gosto duvidoso - o gesto, não a tapioca.

Foi uma aula.

Nenhum professor do mundo, por mais especializado que seja, por mais divertido que pareça, por mais que estude "uma visão lúdica da pedagogia"(é moda; pode falar que gera aplausos), nenhum professor consegue ser tão didático quanto a camarilha que se reúne exatamente pra isto: decidir os rumos da nação.

E decidem, viu.

Quem assistiu à aula de civilidade de ontem, certamente adquiriu competências inestimáveis, como utilizar a expressão "Vossa Excelência" em lugar de "Vá tomar no cu!". Convenhamos que é um ganho, uai. Em termos de polidez, é um ganho.

Não, não, ninguém tá falando aqui em honestidade, que exigir honestidade naqueles longes do Brasil também seria demais, né? Afinal, geograficamente Brasília é o epicentro da aspersão de merda. Há que ter paciência com os meninos da política, que brincam de "paisinho" tomando sorvete de tapioca, expondo suas línguas horríveis, deixando escorrer um pouco de baba pelos cantos dos lábios pantagruélicas, com a mesma voracidade (vale a redundância) com que comem nossos rabos, nossos ganhos, nossa dignidade, raspando as colheres em suas bocarras arregaçadas e barulhentas.
É de ficar boquiaberto?

Não, não mais.
A gente se acostuma.
Ou toma sorvete.
De fel.

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