A LUZ
Não há como
suspender o outono
e mergulhar no inverno,
como se este
daquele fosse dono.
Apesar de alternativo,
com esse "ou" indeciso
que lhe abre o rosto e a alma,
a cada nuance de fora
corresponde outra de dentro:
mais matrizes que matizes,
que uma lambendo a outra,
ambas domam o rebento.
Além desse madurar,
os gelos têm de compor -
devagar -,
seus complexos cristais:
em cada molécula tensa,
abrigar paixões suspensas,
ilusões que já não ardem
- esfriadas a golpes de tempo
ou de verdade -,
e o germe do fogo infante
que inda não se garante,
mas não pode fenecer:
a primavera
espera.
Não há como
suspender o outono
e cair direto nas certezas
do inverno
(que sabemos quebradiças),
cuja luz
não nos ilude.
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segunda-feira, 22 de abril de 2013
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